Grandes Artérias da Cidade: Rua das Flores
Inicialmente era chamada de Rua de Santa Catarina das Flores, nome que terá provindo das muitas hortas e hortos que ali existiram noutros tempos, e foi aberta em terrenos quase todos ocupados pelas “hortas do bispo”, sendo estas pertencentes à Igreja, ficando, assim, as casas arrendadas ao bispo e ao Cabido (órgão administrativo das catedrais). Em várias das casas mais antigas ainda se vê a marca expressiva desses forais: a roda de navalhas do martírio de Santa Catarina (as que eram propriedade do bispo) ou a figura do arcanjo S. Miguel (símbolo da pertença ao Cabido).A Rua das Flores está situada na freguesia da Sé e foi mandada abrir em 1518 pelo rei D. Manuel I, para fazer a ligação directa entre o Largo de S. Domingos e a Porta de Carros, estando esta ordem ligada ao plano de reestruturação da cidade levada a cabo pelos irmãos Almada.
Rua das Flores numa tarde soalheira de Inverno
Calcetada em 1542, passou a ser uma das principais ruas da cidade, a par da Rua Nova, a actual Rua do Infante D. Henrique, sendo mesmo escolhida por nobres e burgueses para nela construírem luxuosos palacetes, nela se passando muitos dos factos mais importantes da cidade portuense. Ainda hoje é considerada a mais tripeira das ruas portuenses, com belas construções de vários séculos e as suas típicas varandas. Mas a rua ganhou também alguma notoriedade devido a um horrendo acontecimento que se diz ter sido ali cometido por um médico: Urbino de Freitas terá matado os seus sobrinhos por envenenamento, de modo a ficar com uma herança extremamente valiosa pertencente a estes.
Antigamente esta rua era considerada como “a rua dos ourives”, pois aqui abriram muitas ourivesarias no século XVII. Porém estes mesmos estabelecimentos já faliram ou mudaram-se para a cidade de Gondomar. Também era denominada de “a rua dos panos” devido ao enorme número de lojas de têxteis aqui existentes. Era nesta rua que as noivas da classe média do povo compravam os enxovais para os seus casamentos e festas tradicionais.
A calçada e os prédios característicos da Rua das Flores
Em conclusão, podemos dizer que esta rua, em dias, foi a grande rua comercial do Porto e que era aqui que o luxo “residia”, devidos aos palacetes e igrejas de aspecto altivo, que um dia aqui foram construídas.

























