Um Porto cada vez mais antigo
“Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto”. Estas são as palavras gravadas no brasão da cidade; todas elas têm (ou tiveram, há algum tempo) um significado muito especial e particular. Contudo, nos dias que correm, um destes quatro adjectivos sem dúvida tem maior expressão visual na cidade: Antiga.
A verdade é que, ao longo dos tempos, com o passar dos anos e com novas zonas urbanas à volta da Invicta (Vila Nova de Gaia, Matosinhos, etc – Zona do Grande Porto) muitos portuenses cujas famílias viveram toda a sua vida no Porto, têm literalmente deixado a cidade, muito devido ao facto de Municípios como Gaia ou Matosinhos, mais novos e actuais, oferecerem melhores centros urbanos para habitação. A população portuense tem vindo a decrescer bastante, tendo as pessoas optado principalmente pelos dois municípios acima referidos, para local de habitação e planeamento familiar.
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Tudo isto tem contribuído para um maior envelhecimento da cidade, e o facto de serem os mais novos quem se decide a continuar a sua vida noutras cidades, faz com que muitos dos habitantes actuais da cidade do Porto sejam já idosos e adultos de idade avançada.
Ao serem expostos todos estes factos, é inquestionável que a cidade esteja cada vez mais velha, mas para quem a visita (principalmente para quem visita as zonas históricas da cidade) um outro aspecto que salta muitas vezes à vista é a degradação de casas (que muitas vezes são de interesse cultural) e mesmo monumentos em algumas ruas e praças da zona histórica portuense. Um dos grandes exemplos disso mesmo é, sem dúvida, a Rua Mouzinho da Silveira; esta rua é uma das mais conhecidas da cidade (que liga a Avenida dos Aliados até bastante próximo da Ribeira). Apenas a título de curiosidade, é uma das casas da versão portuguesa do Monopólio. Contudo, actualmente, esta rua prima não pela sua importância, mas sim por ser uma das ruas mais desgastadas a até mesmo estragadas do Porto, grande parte desse desgaste devido ao abandono de muitas das casas que a compõem.
Espera-se que as medidas tomadas pela Câmara Municipal do Porto venham a surtir efeito (nomeadamente para reabilitação da baixa da cidade) mas até lá, a capital do Norte de Portugal continuará a envelhecer.
Câmara Municipal do Porto
Situado no topo da Avenida dos Aliados, a principal da cidade, ergue-se o majestoso edifício da Câmara Municipal. Foi em 1920 que a sua construção se iniciou, vindo a prolongar-se por quase 50 anos. O projecto foi inspirado arquitectonicamente nos grandes palácios comunais do Norte da França e da Flandres, o edifício fazia lembrar o estilo municipalista flamengo, com uma torre central que atinge os 70 metros de altura e um relógio de carrilhão, mais acima quatro pórticos de duas altas colunas dóricas de cada lado antecedem o fecho de remate metálico.
O custo da obra foi orçado em 55 mil contos, o que na altura foi considerado uma pequena fortuna. O edifício é composto por uma cave, seis pisos e pátios interiores, ocupando uma área de 2.438 m2 .
Construído em granito proveniente das pedreiras de S. Gens e Fafe, sendo os restantes materiais: betão armado, mármores de diferentes cores e madeiras de carvalho e sucupira. Todo o edifício é guarnecido com amplas portas, janelas e varandas sendo rematado por um entablamento com balaústres e jarrões apoiados em cariátides geminadas de tradição grega.

Em frente da porta principal e enquadrada pela rampa encontra-se a estátua de Almeida Garrett, inaugurada em 1954 para comemorar o primeiro centenário da morte insigne autor. De entrada no edifício deparamos com uma vastíssima escadaria em granito que permite o acesso ao andar nobre, aqui encontram-se quatro afrescos que além de decorar o recinto evocam personalidades da nossa História sendo elas: D. Afonso Henriques, primeiro rei portucalense, o Infante D. Henrique, promotor dos descobrimentos, Afonso Martins Alho, burguês do Porto medievo e negociante do primeiro tratado comercial com a Inglaterra(1353) e Camilo Castelo Branco, o novelista boémio. Na varanda deste andar encontram-se ainda quatro estátuas simbolizando as riquezas do Norte de Portugal: a Terra, o Mar, a Vinha e o Trabalho.
Entre outras divisões salientamos o Salão dos Passos Perdidos, todo em mármore negro, onde se pode admirar duas estátuas, símbolos bem característicos de um povo trabalhador, a Honra e a Concórdia.

A sala de recepções oficiais, Sala de D. Maria, foi majestosamente decorada merecendo especial referência uma oleografia de D. Maria, a mesa que se encontra no centro constituída por 10 corpos e com pés de leão e os dois sumptuosos candelabros de cristal de Veneza.
A Sala de Reuniões tem a decora-la, em tapeçarias, símbolos da vida do Porto e suas figuras mais características ao longo da sua existência multissecular, a famosa Noite de S. João e uma alegoria à produção e comercialização do ilustre Vinho do Porto. A torre central é composta por uma escadaria de 180 degraus, que uma vez escalados nos permitem desfrutar de uma visão deslumbrante sobre a cidade.
Torre e Igreja dos Clérigos
A Igreja dos Clérigos, situada na rua de S. Filipe de Néri é a representação mais marcante do estilo barroco. A sua construção teve inicio em 1732 e constitui a obra mais imponente de Nicolau Nasoni.
Esta nova concepção do classicismo renascentista revelado nas talhas dos enriquecidos interiores de templos resulta na combinação de volumes primorosamente modelados num ímpeto de fantasia e paixão. A parte exterior da igreja é constituída por uma escadaria dupla ornamentada de vasos floridos esculpidos em pedra.
A fachada principal composta por um portal encimado por uma janela de grande dimensão separada das janelas laterais por pilastras lavradas em espiral. No nível superior desta fachada podemos admirar uma outra janela de grande porte com repisa erguida e almofadada onde se encontra a mitra papal. Nas partes laterais deste nível superior deparamo-nos ainda com duas estatuas recolhidas em nichos em forma de concha, uma de S. Pedro e a outra de S. Filipe de Néri.

A culminar este notável projecto arquitectónico deparamos com um frontão triangular salientando-se-lhe no centro um monograma O M esculpido no tímpano da armação saliente e enfeitado com folhagem, grinalda e volutas em homenagem à Nossa Senhora da Assunção.
De visita ao interior do templo concluímos que este possui apenas uma nave, de forma elíptica. O tecto é uma abobada dividida por arcos entrevalados por um escudo formado pelo monograma A M. As chaves de S. Pedro, a mitra e a folhagem descaindo sobre o entablamento estão sustentados por pilastras.
Na entrada da igreja é de realçar a sumptuosa imagem do Arcanjo S. Miguel segurando um escudo de madeira. Na capela-mor encontramos um trono ostentando a imagem da Virgem e sob ele uma urna contendo os restos mortais do mártir Santo Inocêncio e de Nicolau Nasoni, falecido em 1773. Podemos ainda maravilhar-nos com o retábulo estio Luís XV todo de mármore de diversas cores.

Na cabeceira da igreja, voltada para o jardim da Cordoaria deparamos com a maior Torre de Portugal, com 75m de altura, notável pela sua elegância e harmonia de formas, também em estilo barroco, erguida entre 1748 e 1763. Referimo-nos evidentemente à Torre dos Clérigos.
Construída em granito lavrado e dividida por andares de linhas suaves, é servida por uma escadaria de 240 degraus finalizando num belíssimo campanário de onde se pode observar o Porto e arredores de uma forma verdadeiramente indescritível.
Este é sem duvida o marco mais reconhecido pelos portuenses sendo mesmo um dos seus orgulhos.
Teatro de São João
Localizado na parte Sul da Praça da Batalha, o Teatro Nacional de S. João foi construído no mesmo local onde outrora existiu um outro teatro lírico com o mesmo nome. "O novo teatro foi mandado construir por Francisco de Almada e Mendonça em 1794. para tal foram reunidas 313 acções de comerciantes e capitalistas de Cidade de modo a poder dar-se inicio às obras. O Teatro de S. João foi inaugurado com a Comédia ""A Vivandeira"" a 13 de Maio de 1798, com o intuito de assinalar os anos do Príncipe regente, motivo este que nos primeiros tempos ainda deram o nome de Teatro do Príncipe ao referido teatro."
Durante a sua existência sofreu diversas alterações até que em Abril de 1908 um incêndio o destruiu por completo.

Este teatro, foi sempre o ponto de encontro obrigatório da geração romântica, frequentado pela melhor sociedade da época. Não se conformando com a perda logo uma comissão se constituiu para a sua reconstrução, que teve inicio em 1911 e terminou em 1918. O novo edifício de aspecto robusto mas sem estilo definido, é composto por uma imponente frontaria guarnecida por quatro colunas jónicas, entre as quais se abrem três janelas de arco pleno e outras tantas portas. A decoração da sala de espectáculos e principais salões ficou a cargo dos pintores Acácio Lino e José Brito e dos escultores Henrique Moreira, Diogo de Macedo e Sousa Caldas, sendo estes dois últimos responsáveis pelas quatro figuras alegóricas colocadas no friso do entablamento e que representam a Bondade, a Dor, o Ódio e o Amor.
Hoje, o edifício totalmente reconstruído é um dos principais edifícios da cidade e local de realização dos principais espectáculos culturais da cidade. Nele encontra-se a Companhia Nacional do teatro S. João.
Palácio do Freixo
Este edifício foi mandado construir, em meados do século XVIII, pelo cavaleiro de Malta, Vicente Távora e Noronha, tendo sido habitado posteriormente por outros descendentes até que em 1850 foi vendido a um negociante, António Afonso Velado que em 1866, foi condecorado Barão do Freixo e três anos mais tarde visconde do Freixo. Este titular fez substituir, no palácio, o brasão que nele existia - armas dos Távoras, pelas suas próprias - escudo partido de Afonso e Cunha -, e mandou realizar grandes obras no interior. No entanto o excessivo modernismo que desvirtuaram o primitivo carácter do edifício.
Nova alienação da quinta e palácio teve como resultado grande devastação nos jardins e, no interior, a ruína progressiva pela aplicação, a depósito, de sacos de farinha produzida na fábrica de moagem construída na proximidade do edifício. Nos jardins ainda há restos de curiosos embrechados.

O palácio é de planta rectangular com torreões salientes nos cantos, cobertos por telhados de ardósia em forma de pirâmide, torreões esses que acrescentam mais um piso ao edifício, excepto na face da escadaria em que há janelas ao mesmo nível, na parte central. A balaustrada que corre sobre o andar nobre é ornamentada, bem como os torreões, com pirâmides em forma de urna, rematadas superiormente em ponta.
As fachadas do palácio são todas diferentes. A mais bela e a mais imponente fica voltada para poente. A zona central é servida por uma grande escadaria cujo frontão que lhe remata a face é ricamente decorado, sendo de notar uma balaustrada nos quais os patamares são decorados com golfinhos e festões.
Numa das fachadas conserva-se, como vestígio da heráldica dos primitivos donos, uma coroa de nobreza - que por vezes aparece indicada como de marquês -, seguida por um golfinho, timbre dos Távoras. São dignas de atenção as sacadas com balaústres de granito, de algumas janelas.
O Palácio possui ainda um enorme jardim, com lindos terraços próprios da época , nos quais se sente a influencia italiana.
Palácio da Bolsa
O palácio da Bolsa é considerado um dos mais belos edifícios que o Porto possui e ainda um dos mais ricos de Portugal, sendo um dos salões de visita da cidade onde se têm desenrolado os mais marcantes acontecimentos sociais, políticos e culturais ligados à vida citadina.
A sua construção foi fruto de um grande investimento e dedicação por parte dos mercadores portuenses que haviam perdido a Casa da Bolsa do Comércio e se viram obrigados a discutir os seus negócios ao ar livre, na rua dos ingleses.
Só anos mais tarde, a 6 de Outubro de 1842 é que foi lançada a primeira pedra do Palácio da Bolsa, que hoje podemos admirar.

Este edifício ostenta uma variedade de estilos, desde a severidade da arquitectura toscana e do neoclássico oitocentista, até aos primórdios policromáticos do Salão Árabe e com notórias influências do gosto neopalaciano inglês.
A planta do edifício é rectangular e a fachada principal encontra-se dividida em três corpos de ordem dórica estando o corpo principal guarnecido por uma escadaria paralela ao edifício que termina numa larga torre quadrangular ornamentada com elementos jónicos e corintios.
O vestíbulo da fachada principal dá acesso ao Pátio das Nações, este átrio é ladeado por um claustro envidraçado, coberto por uma grande clarabóia sustentada numa admirável estrutura metálica.
No começo da cobertura figura o escudo nacional e na parte inferior e as armas do Brasil, da Itália, do Saxe, da Pérsia, da Argentina, da Rússia, da Inglaterra, da Alemanha, da Suíça, da Dinamarca, do México, da França, dos EUA, da Grécia, da Noruega, da Suécia, da Áustria, da Espanha, da Bélgica e da Holanda, com os quais Portugal mantinha relações de amizade e comércio no fim do século XIX.
O pavimento deste átrio é revestido de mosaico com motivos geométricos inspirados em modelos greco-romanos de Pompeia. Ao fundo deparamos com uma escadaria em granito azulado que dá acesso ao andar nobre, onde se abrem três portas de arco pleno entre as quais se encontram os bustos dos estadistas Hintze Ribeiro, Fontes Pereira de Melo e os antigos presidentes da Associação.

Neste andar podemos encontrar a Sala de Reuniões, mais conhecida pela sala dourada pois o seu tecto é decorado com estuque coberto de ouro, o gabinete do presidente, decorado em estilo Império, seguindo-se-lhe a Sala das Assembleias Gerais, decorada por painéis imitando carvalho velho e ornamentações a ouro. Contígua a esta encontramos a Sala dos Retratos e esses retratos que lhe deram o nome retractam a corpo inteiro as imagem dos últimos reis de Portugal do período constitucional.
No andar térreo está localizado o Gabinete de Leitura e a Biblioteca. No entanto de todas as Salas existente no Palácio, a que mais destaque possui é o Salão Árabe também conhecido por Salão Nobre, com estuques de cor do final do século XIX, legendado a ouro em caracteres arábicos que cobrem praticamente todo o tecto e as paredes. Este notável salão tem a forma de um paralelograma octogonal, cujos ângulos truncados formam saídas para outras dependências e gabinetes, circundando-o uma dupla arcaria rematado superiormente por uma cornija decorada com pendentes.

É neste salão e mais abrangentemente, neste palácio que se têm, desenrolado as mais elegantes e distintas comemorações em honra de chefes de estado aquando das suas visitas oficiais à cidade e homenageado altas personalidades nacionais e estrangeiras.
Cadeia/Tribunal da Relação
Localizado no Campo Mártires da Pátria, encontra-se a antiga Cadeia e Tribunal da Relação do Porto. Datada do século XVIII é um possante monumento de granito com seu interior escuro e assustador.
O edifício mandado construir por Filipe II de Espanha, I de Portugal chegou a albergar cerca de 500 presos, de ambos os sexos. Esteve em pleno funcionamento entre 1961 a 1974, altura em que foram transferidos os últimos presos para a cadeia de Custóias. Neste edifício estiveram encarceradas algumas das personagens mais conhecidas da Cultura portuense, entre os quais se destacam o escritor Camilo Castelo Branco e sua companheira Ana Plácido.
A sua localização é, na parte de S. Bento da Vitória, abafada pelo casario, o qual não nos permite admirar a beleza arquitectónica que o compõe. É no entanto de salientar as cento e três janelas que compõe este edificio de forma triangular com duas entradas separadas.

É neste edificio que funciona o Centro Português de Fotografia/ Ministério da Cultura, o organismo coordenador da política do Estado para o sector. O edificio sofreu trabalhos de restauro e adequação às funções actuais baseados no projecto da equipa de arquitectos coordenada por Eduardo Souto de Moura e Humberto Vieira.
As atribuições e responsabilidades do CPF/MC distribuem-se por três sectores fundamentais: preservar e enriquecer o património fotográfico (arquivos de Lisboa e Porto, bem como Colecção Nacional de Fotografia); desenvolver o conhecimento da fotografia portuguesa e internacional (exposições, no país e no estrangeiro, edição, oficinas, investigação); apoio a projectos apresentados (no campo da produção fotográfica contemporânea, da edição, da formação e dos arquivos).
Casa da Música
A Casa da Música possui um área comercial para venda de discos, livros, partituras, vídeos e merchandising, situada no foyer principal da entrada do edifício junto às bilheteiras.
Na cobertura do edifício situa-se um restaurante com capacidade para 250 pessoas que incluirá bar, café-concerto e uma esplanada exterior virada para a Rotunda da Boavista. Para além deste restaurante, a Casa da Música dispõe ainda de vários bares de apoio aos auditórios, um bar para artistas e um café/bar localizado na praça envolvente do edifício.

A sala cibermúsica é um espaço público de divulgação e fruição de projectos multimédia no campo da música electrónica e das novas tecnologias. A Sala VIP é um espaço multifuncional essencialmente vocacionado para acções de apoio a promotores, patrocinadores e mecenas.
Revestido de azulejos portugueses, possui um conjunto de infra-estruturas de comunicação e transmissão de dados que permitem a realização de conferências de imprensa, recepções oficiais, etc. Estas áreas de lazer são complementadas por vários foyers espalhados ao longo do edifício que permitem também uma oferta variada de acções.

A arquitectura do edifício foi aclamada internacionalmente. Nicolai Ouroussoff, crítico de arquitectura do New York Times, classificou-o como “o projecto mais atraente que o arquitecto Rem Koolhaas já alguma vez construiu” e como “um edifício cujo ardor intelectual está combinado com a sua beleza sensual”. Compara-o também “ao exuberante projecto” do Museu Guggenheim Bilbao do arquitecto Frank Gehry em Bilbao, Espanha. “Olhando apenas o aspecto original do edifício, verifica-se que esta é uma das mais importantes salas de espectáculos construída nos últimos 100 anos”, comparando o à sala de espectáculos de Walt Disney, em Los Angeles, e no auditório da Berlim Philharmonic.
Igreja da Trindade
A Igreja da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade fica localizada na Rua da Trindade, por de trás do edifício da Câmara Municipal do Porto.

A construção desta igreja deparou-se com múltiplos conflitos entre os frades de S. Domingos e os membros da Ordem Terceira, de tal modo que Roma teve que decretar a extinção da Ordem terceira de S. Domingos e a instituição da Arquiconfraria da Santíssima Trindade da Redenção dos Cativos.
No entanto a dita igreja lá se foi construindo durante todo o século XIX. O projecto sofreu várias alterações durante a execução, mas foi aberta aos devotos a 5 de Junho de 1841, ainda sem capela-mor. Ficando concluída apenas em 1892 por falta de fundos e por novas discordâncias quanto à colocação do transcepto do zimbório. A Igreja reflecte o gosto pelo estilo neoclássico.

A frontaria da igreja é de tipo clássico erguendo-se no cimo de uma larguíssima escadaria, dividindo-se em dois corpos. O primeiro abre-se em três portas de arcos plenos, cada um encimado por uma capela. Na porta central pode ser destacado o Brasão da Ordem Celestial rematadas pela coroa real. A rematar a fachada existem dois áticos abalaustrados, nos extremos dos quais estão as estátuas de S. João de Mata e a de S. Félix de Valois.No centro da fachada está a torre, dividida em três corpos: um embasamento que inclui o relógio, o corpo das janelas sineiras e uma pirâmide, ladeada por urnas. È de referir que os sinos desta igreja foram oriundos da torre dos Congregados, entretanto destruída e que constituíram uma doação de Rainha D Maria II.
No interior, as paredes da nave são ocupadas por capelas de arcos plenos, decoradas com retábulos neoclássicos, com tribunas sobrepostas. Tem planta de cruz latina simples, vasta e com a mesma altura na nave, no cruzeiro e na capela-mor, tudo coberto com abóbadas de tijolo.Esta imponente igreja é ladeada pelo hospital da Ordem da Santíssima Trindade.
Sé Catedral do Porto
O monumento mais antigo e catedral portuense, a Sé, provem do século XII após a eleição do Bispo D. Hugo, Arcediago da Sé de Compostela. Foi a este que no ano de 1120 a rainha Dª Teresa doou o burgo portucalense e o seu respectivo couto de onde proveio a dita catedral. D. Hugo é além de restaurador desta mui nobre cidade, o mentor deste honroso património que a Comissão mundial denominou de Património Mundial.

A Sé portuense, de origem românica fica situada no monte da Penaventosa, também chamado de Terreiro da Sé. Conta-se que a primeira pedra foi assente pela rainha Dª Teresa viúva do conde D. Henrique, só vindo a ser concluída já no reinado de D. Dinis.
A sua decoração primitiva foi baseada na Sé velha de Coimbra. No entanto com o passar dos tempos esta catedral sofreu diversas alterações que lhe apagaram os traços primitivos.
Anos mais tarde o artista fiorentino Nicolau Nasoni tornou-a barroca desenhando-lhe as pinturas murais da capela-mor e construindo-lhe a galilé (parte alpendrada e sustentada por colunas). A fachada principal é enquadrada por duas torres. O portal, agora em estilo rococó, substituiu o primitivo em estilo românico destruído em 1722.
A sua construção é sustentada por colunas encimadas por um frontão, tendo a meio um varandim com pequenas colunas.
Na parte superior a rosácea encontra-se uma sinecura com a imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da catedral, pertencente ao século XVIII. Esta rosácea, datada do século XIII, foi sempre conservada. Tem a sustentar-lhe os raios arcos tribulados e a envolve-la folhas de figueira. Há duas cruzes a rematar a construção, uma em estilo românico e a outra em estilo gótico.

Este templo está dividido em três naves, sendo a central de maior altura que as colaterais. As naves estão cobertas por abobadas ogivadas e os arcos assentam em pilastras dispostas em feixes, toda a decoração é fitomórfica (motivos vegetais), iluminada pela esplendorosa rosácea e pelas frestas altas do clerestório do transcepto a luz penetra nas naves central e colaterais numa conjunção harmoniosamente celestial.
A capela-mor é da autoria do Frei Gonçalo de Morais e data dos princípios do século XVII. Esta capela-mor de estilo clássico é toda decorada a mármore, possui dois órgãos, duas magnificas tribunas e admiráveis ornamentos em madeira com belas esculturas. As grades do coro são em bronze artisticamente trabalhadas e a grade que separa a capela-mor do corpo da igreja tem um corrimão em mármore preta. A pia baptismal é igualmente de mármore e reside sobre um pedestal em jeste branco e mármore roxo.
Fixas nas penúltimas pilastras encontramos algumas pias de água benta em mármore talhadas em forma de concha. Nas partes laterais do templo deparamos com diversas capelas, entre as quais figuram a do Santíssimo Sacramento ornamentada com um retábulo em prata e um ilustre sacrário envolto em apainelados que relatam passagens da sagrada escritura gravado em baixo-relevo. Nesta área do templo podemos ainda admirar as capelas de S. João Evangelista, S. Pedro e S. Vicente todas em estilo gótico.
Anexo ao edifício da Sé está colocado o túmulo de João Gordo. João Gordo foi cavaleiro da Ordem de S. João de Malta e almoxarife de D. Dinis, antes da sua morte, em 1333, mandou esculpir o túmulo onde viriam a descansar os seus restos mortais.
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O citado túmulo construído em calcário de portunhos (pedra da Batalha) assenta no dorso de quatro leões e um arco em ogiva encimado por uma cornija com cães lavrados. As faces do túmulo em alto-relevo representam a ultima ceia, o calvário e a coroação de Nossa Senhora.
Continuando a viagem podemos encontrar na parte sul do templo o claustro gótico, pertencente aos meados do século XIV-XV. A sua configuração é abobadada com nervuras assentes em colunas fasciculadas.
Os capitéis estão revestidos por um único motivo vegetal. A sacristia também em estilo gótico, situado na testeira do braço direito do transcepto com chão de mármore é abobadada em ogiva e dividida por grossos arcos de faces vivas sustentados por consolas em granito embutidos no muro. O seu interior é refinadamente decorado com móveis de valor inestimável, mesas e lavatórios em mármores raros, as guarnições dos espelhos, os armários e o relógio em estilo rococó são feitos de pau-preto.
Grandes Artérias da Cidade: Parque da Cidade
O Parque da Cidade é a principal área de lazer de todo o Porto; dividindo-se entre o Porto e Matosinhos, este parque tem cerca de 80 hectares de área e cerca de 10 km de caminhos, sendo, assim, considerado o maior parque urbano de Portugal.
É aqui que se encontra a maior diversidade de fauna e flora de toda a cidade. De espécies de fauna podemos encontrar aqui patos-bravos, cisnes, coelhos, répteis, peixes, entre outros; de flora podemos avistar choupos, oliveiras, carvalhos, sobreiros, nenúfares, árvores de fruto e vários tipos de arbustos.

Aspecto verdejante conferido ao Parque da Cidade
O Parque da Cidade, tal como outras artérias da cidade já faladas, foi previsto no Plano de Urbanização da Cidade, sendo esta parte de autoria do arquitecto Robert Auzelle nos anos 60, foi tendo sido inaugurado 33 anos mais tarde em 1993 e finalizado em 2002, com a construção da Frente Marítima, em Matosinhos.
Na sua construção foram utilizadas muitas técnicas tradicionais de origem rural, o que conferiu ao parque uma expressão intemporal e naturalista. A presença da pedra proveniente de demolições de edifícios e de outras estruturas, assume uma característica preponderante deste parque, onde a construção de muros de suporte de terras, estadias, charcos drenantes para a retenção de águas das chuvas, abrigos, bordaduras de caminhos e pavimentos, intensificam ainda mais o aspecto rural e campestre do Parque da Cidade.
O lago do Parque da Cidade
Em 2000, este parque foi premiado pela Ordem dos Engenheiros com um prémio alegórico ao tema “100 obras mais notáveis construídas do século XX em Portugal”, conferindo-lhe o estatuto de uma das maiores obras feitas entre 1901 2000, no nosso país.
É importante salientar que nesta “artéria” o Pavilhão da Água, uma obra que se encontrava na Expo 98 em Lisboa e que veio para o Porto de modo a elucidar os portuenses sobre todas as utilizações da água.
Em Conclusão, digo-vos que este parque trás o campo para dentro da cidade e é este contraste provocado que fez com que o Parque da Cidade fosse considerado uma das maiores obras do século XX em Portugal.
Grandes Artérias da Cidade: Avenida dos Aliados
A Avenida dos Aliados, situada na freguesia de Sto. Ildefonso era chamada inicialmente de Praça da Liberdade (parte dela) e de Avenida das Nações Aliadas. Esta foi aberta em 1916, nos terrenos situados a norte da Praça da Liberdade.
Decorações natalícias da avenida
A avenida dos Aliados foi projectada de modo a ligar a Praça da Liberdade à Praça da Trindade; a proposta de construção da avenida foi lançada em 1914, no âmbito de um plano de reestruturação do centro da cidade do Porto; este projecto foi aprovado pela Câmara Municipal do Porto em 1915.
Do projecto inicial, a Avenida perdeu a Calçada Portuguesa e ganhou imensos prédios de valor arquitectónico individualizado, para além dos grandes espaços ajardinados, várias vezes modificados, por necessidades de circulação rodoviária. Neste ano de 2007, foi aqui levantada a maior árvore de Natal do mundo.
Avenida dos Aliados numa manhã de Domingo
Nesta Avenida existiam jardins onde podíamos encontrar várias peças ornamentais com uma fonte decorativa em mármore, dedicada aos jovens portuenses, uma escultura intitulada de “os Meninos”, e, no topo da Praça do Município, ladeada por pinheiros, a estátua de Almeida Garrett, inaugurada em 1954, para assinalar o centenário da morte do grande poeta portuense.
Por fim devemos falar sobre o edifício da Câmara Municipal do Porto que foi edificada no seu sítio actual num gesto de “vingança” às freiras da Ordem de S. Francisco. Este edifício foi projectado pelo Arquitecto Correia da Silva e começou a ser construído em 1920.
Em conclusão, esta avenida é o grande centro administrativo do Porto; para além disso é nesta rua que se situa um dos cafés mais edigmáticos do Porto: o café Guarani.
Grandes Artérias da Cidade: Avenida da Boavista
A Avenida da Boavista encontra-se situada em cinco freguesias: Cedofeita, Massarelos, Lordelo do Ouro, Ramalde, Aldoar e Nevogilde. Foi construída no século XIX e o seu nome é de origem toponímica, como tantas outras ruas da cidade do Porto, e tem a ver com a excelente vista que se tinha desta avenida para o rio Douro, algo que já não se consegue hoje, devido ao excesso de edifícios na avenida. A avenida tem cerca de 6 km de comprimento, entre a Rotunda da Boavista e a Praça de Gonçalves Zarco, também conhecida pela praça do Castelo do Queijo.
Considerada o centro económico e cultural do Porto, a avenida da Boavista tem como seu mais distinto e mediático atributo arquitectónico a Casa da Música, obra do arquitecto holandês Rem Koolhaas, inaugurada em 2005, com quatro anos de atraso, já que este monumento deveria estar pronto a tempo do Porto 2001.
Casa da MúsicaAté meados do século XX a avenida era uma autêntica alameda com duas filas de plátanos, árvores de grande estatura, que acabaram por ser deitados abaixo para facilitar o trânsito automóvel. Alterações recentes e pontualmente polémicas têm conferido um novo visual à avenida, em que resistem alguns exemplares de boa arquitectura mas de onde desapareceram muitas árvores do separador central.
Sucessivas construções em altura e estabelecimentos comerciais, de certo modo, descaracterizaram o longo e nobre eixo de comunicação, enriquecido, entretanto, pela instalação do Parque da Cidade.Ainda nesta avenida, temos a Fundação Dr. Cupertino de Miranda, fundação com o nome do fundador do primeiro banco privado português, o Banco Português do Atlântico; dentro desta fundação está filiado o Museu Nacional da Moeda, estando este aberto somente uma vez por semana

Avenida da Boavista
Conclui-se que esta avenida é centro empresarial de toda a zona metropolitana do Porto; aqui todos os dias se tomam decisões de elevada importância e é aqui que muitas famílias têm o seu ganha-pão; por estes motivos, a Avenida da Boavista é considerada uma das “Artérias da Cidade”.
Grandes Artérias da Cidade: Rua das Flores
A Rua das Flores está situada na freguesia da Sé e foi mandada abrir em 1518 pelo rei D. Manuel I, para fazer a ligação directa entre o Largo de S. Domingos e a Porta de Carros, estando esta ordem ligada ao plano de reestruturação da cidade levada a cabo pelos irmãos Almada.
Inicialmente era chamada de Rua de Santa Catarina das Flores, nome que terá provindo das muitas hortas e hortos que ali existiram noutros tempos, e foi aberta em terrenos quase todos ocupados pelas “hortas do bispo”, sendo estas pertencentes à Igreja, ficando, assim, as casas arrendadas ao bispo e ao Cabido (órgão administrativo das catedrais). Em várias das casas mais antigas ainda se vê a marca expressiva desses forais: a roda de navalhas do martírio de Santa Catarina (as que eram propriedade do bispo) ou a figura do arcanjo S. Miguel (símbolo da pertença ao Cabido).A Rua das Flores está situada na freguesia da Sé e foi mandada abrir em 1518 pelo rei D. Manuel I, para fazer a ligação directa entre o Largo de S. Domingos e a Porta de Carros, estando esta ordem ligada ao plano de reestruturação da cidade levada a cabo pelos irmãos Almada.
Rua das Flores numa tarde soalheira de Inverno
Calcetada em 1542, passou a ser uma das principais ruas da cidade, a par da Rua Nova, a actual Rua do Infante D. Henrique, sendo mesmo escolhida por nobres e burgueses para nela construírem luxuosos palacetes, nela se passando muitos dos factos mais importantes da cidade portuense. Ainda hoje é considerada a mais tripeira das ruas portuenses, com belas construções de vários séculos e as suas típicas varandas. Mas a rua ganhou também alguma notoriedade devido a um horrendo acontecimento que se diz ter sido ali cometido por um médico: Urbino de Freitas terá matado os seus sobrinhos por envenenamento, de modo a ficar com uma herança extremamente valiosa pertencente a estes.
Antigamente esta rua era considerada como “a rua dos ourives”, pois aqui abriram muitas ourivesarias no século XVII. Porém estes mesmos estabelecimentos já faliram ou mudaram-se para a cidade de Gondomar. Também era denominada de “a rua dos panos” devido ao enorme número de lojas de têxteis aqui existentes. Era nesta rua que as noivas da classe média do povo compravam os enxovais para os seus casamentos e festas tradicionais.
A calçada e os prédios característicos da Rua das Flores
Porém o actual estilo arquitectónico desta rua nada transparece o que em tempos era a rua das Flores, apesar de muitos dos prédios do século XVII se manterem intactos. Por fim, em jeito de nota, era aqui que se situava a Casa e igreja da Misericórdia, a actual Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Em conclusão, podemos dizer que esta rua, em dias, foi a grande rua comercial do Porto e que era aqui que o luxo “residia”, devidos aos palacetes e igrejas de aspecto altivo, que um dia aqui foram construídas.